Dormi criança e acordei adulto
Não é muito agradável isto, porém uma
realidade comum a muitas pessoas. Quando criança tudo é perfeito. O mundo é
simples, bonito, agradável, sem maldades, único. Os peixes são lindos, o céu
sempre representa liberdade. A natureza tem um cheiro gostoso. O sorriso das
pessoas é sempre verdadeiro, não há nada por trás deste.
Quem não guarda recordações da casa da vovó.
O interior com suas delicias. Os primos todos correndo atrás de um vaga-lume,
as brincadeiras de esconde-esconde. O delicioso bolo de fubá. As rodas de conversas
onde vovó, vovô, nos faziam deliciar-nos com contos de fadas, sacis, os tempos
antigos, onde tudo era mais difícil. Não havia tevê, vídeo game, celular,
entretanto que delícia as conversas. Tempos maravilhosos que não voltam mais.
Assim adormecíamos em seus colos, dos pais participativos que confirmavam tudo.
Como era gostoso aquele tempo.
Não percebíamos o cri cri dos grilos, nada
importava, o sono angelical nos rodeava, nos protegia. Que delicia aquela paz.
Muitas vezes dormíamos naquele céu estrelado, aquele cheiro inesquecível de
paz. O mundo belo e perfeito das crianças, que maravilha se fosse eterno.
Porém, crescemos...
Noutro dia cedo abrimos os olhos e a primeira
coisa que nos vem à tona, não queria acordar. Foi um sonho, a roça podia tudo,
fazia tudo. Agora, a realidade é outra, as contas, discussões, ver um jornal
onde uma criança é encontrada sem vida. Os pais tentavam fugir a guerra de seu
país e esta se afogou, um anjo morto. Igrejas são assaltadas. Políticos nos
roubam e têm foro privilegiado. Uma criança é retratada pelo pai fazendo um
serviço e as manchetes dizem este ser um monstro, outro pai fotografa seu filho
da mesma idade, com armas e todos calam. Mundo vasto mundo, a se me chamasse Raimundo.
O “céu” é aqui, a vida de adulto nos tira
dele. Pra que crescer?
Quando morrer quero morar no “céu”, lá somos
todos crianças, não vemos cor, não precisamos de dinheiro, peso, nossas calças
não têm marcas, nossos brinquedos nos fazem felizes.
O “céu é infantil”, como o amor angelical de
uma criança.
Paulo Cesar
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