sábado, 23 de fevereiro de 2019

Áurea socorro

Olhando um carro, percebemos fácil a evolução deste. Que Henri Ford diria de seu primeiro automóvel, comparado a uma F 150? Certamente ficaria admirado, às mudanças foram muitas nestes anos. Em outros segmentos, a mesma coisa, televisão, geladeira, roupas e outros. Porém, algumas áreas não evoluíram, parecem ter sido apenas maquiadas.
A escravidão, está foi na verdade legalizada, porém, não extinta. E não é necessário ir à África, Ásia ou outro lugar no mundo, para perceber que existe. Está é latente no Brasil, também não precisamos ir as longínquas regiões do Pará, Bahia, e outros. A escravidão existe de muitas caras e no país todo.
Na época dos senhores feudais, estes buscavam mão de obra na África e aqui abusavam dos escravos. Obrigando estes, a trabalhos forçados. Recebiam em troca, comida, roupas e casa.
Nos dias de hoje, isto não mudou muito, apenas o país é autossuficiente em sua mão de obra. Não faz exigências quanto à qualificação deste trabalhador, nem a cor de pele, isto mudou. E se fizesse a distinção, estaria ferindo a carta magna, pois está dispõem; “todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, religião, cor...”. Até a lei dos sexagenários tem o mesmo sentido, após os sessenta anos, (de trabalhos forçados se comprovado isto), é dada sua carta de alforria ops, aposentadoria. Alguns trabalhadores recebem uma cesta básica (com menos que o básico). Já a moradia foi um retrocesso, os trabalhadores de hoje não tem.
É, o Brasil precisa de outra lei Áurea, ou apagar da constituição, o artigo que fala sobre salário do trabalhador. Pois a lei anterior beneficiava os escravos, eles tinham onde morar.
As leis a sociedade, deveriam ser elaboradas por esta. Não por seus representantes, estes são bobos da corte, que servem os senhores feudais. Disfarçados de empreiteiros, fabricantes de carros, móveis, enfim, grandes empresários da economia brasileira.

Paulo Cesar

É tudo que você vai levar para casa


Em uma corrida de formula 1, o piloto cometeu um erro fatal. Apesar de ter o melhor carro, com ótimos freios, motor potente, tração superior e fazer voltas perfeitas. Não deu importância a sua saúde, estava sempre as baladas, chegava tarde para os treinos, bebia muito, sempre rodeado de falsos amigos, mulheres, drogas e outras coisas que não faziam bem a ele. Contudo, sempre dizia; na próxima eu recupero e não aconteceu. E ao final do campeonato, continuou com um carro perfeito, porém, mal colocado, não foi campeão.
Este, um bom exemplo para as pessoas que cuidam de sua aparência física e esquecem sua importância com Deus.
Quando chegar, (para quem crê em um ser superior) o dia de seu julgamento. “Naquela hora do vem cá, vamos conversar”. O que você ofereça a Deus, para ser merecedor do podium da eternidade? Apenas um belo cadáver com alguns apetrechos (silicone, botox e outros) sem importância, ou algo mais? Com base na sabedoria popular; a voz do povo é a voz de Deus. Para merecermos “os céus”, precisamos ser pessoas que acresçam a sociedade. E como fazer isto?
De muitas maneiras, repassando seu dom a outras pessoas, sem cobrar por isto, afinal, somos apenas usuários desta habilidade. E prova desta verdade, de tempos em tempos, à humanidade conhece pessoas diferenciadas, em sua profissão, arte ou outro meio de coexistir em sociedade.
Como na medicina, com José Eduardo de Souza, um cardiologista brasileiro, Senna com seu diferencial, Madre Tereza de Calcutá com sua assistência, Da Vincci com sua genialidade e muitas outras pessoas, em suas mais diversas áreas. Aqui se faz presente a ideia, de sermos apenas detentores de dons passageiros. Não são eternos, pelo simples fato, o ser humano não vive para sempre.
Então, por que há pessoas que se acham o a última bolachinha do pacote? O bam bam do saracoteio? Segundo uma brilhante explanação de Mario Sergio Cortella, somos o subtreco do vice troço.
Tudo aquilo que importa a humanidade, é aquilo que você deixa com esta, quando você partir. Importa no livro que escreveu, nos bons exemplos que deixou, na pessoa caridosa que foi, na alegria que proporcionou a outras pessoas, em momentos difíceis. Como no caso de uma pessoa portadora de uma doença terminal, há pouco mais de vinte anos, sorria fácil aos domingos, ao ouvir a música, tan tan tan, tan tan tan, Airton Senna do Brasil vence mais uma.
Estes, apenas dois ou três exemplos, das maravilhas que existem aos montes, proporcionados aos mortais, por outros mortais. Que estão aqui, apenas como passageiros que todos somos e repassam seus dons, sem qualquer ônus. São anônimos do bem, anjos de bons exemplos. Como uma pessoa que entra em uma casa em chamas e salva quem não tinha forças. Um desconhecido que dá comida a uma mãe, criança, velho, sem pedir nada em troca, há inúmeras outras ações assim. Estas, são pessoas que ficarão por muito tempo, na memória da sociedade. Elas importam a coletividade, por que ficarão guardadas, na sabedoria popular, como alguém a ser seguido.
Logo, quando vemos pessoas se achando mais que outras, apenas por serem detentoras de títulos, sem importância (miss Abacate, Sir Bugigangas e outros), em comparação aos heróis do mundo (herói no incêndio, aquele que acolhe necessitados e demais anjos). É que percebemos a importância das palavras de Benjamin de Israeli, a vida é muito curta para ser pequena. Conciliadas a sabedoria popular, descrita em: apocalipse, 03 - 15 e 16...
por que tu não és quente nem frio, eu te vomitarei”.
Então, quando Deus pedir a você, quem foi à sociedade, para a obra? O que vai contra argumentar? Que usou um Don dado por Ele, para acumular riquezas, títulos, status e outras besteiras. Nesta hora receberá um puxão de orelhas, afinal você foi egoísta. Acresceu apenas a você, não importou a humanidade, teve muitas chances para isto, porém não fará jus ao podium.
Viveu uma vida pequena, superficial, banal, por não acrescer ao mundo, Deus o vomitara. Poderia ter feito mais, entretanto, não saiu de seu casúlo e lhe foi dado oportunidade para ajudar.
Logo, sua colocação no campeonato, não foi suficiente para o podium, a eternidade na vida com Deus. Vai ter que começar tudo de novo, em um próximo ano, neste, tudo que vai levar desta experiência, nada. O que resta aqui, em sua passagem, pneus novos, um motor potente, isto coisas passageiras na vida de Deus. E não devemos ser meros coadjuvantes, passageiros. Somos capazes de mais.
E para sermos campeões, independente do nosso carro, basta agirmos em equipe.


Paulo Cesar 

Já comeu carne de rã.


Há pessoas que olham algo e dizem; - não como isso de jeito nenhum, tem uma cara horrível. Nem provou para saber e já vai dizendo isto. E pior, quase todas as pessoas já tomaram uma atitude semelhante. Porém, só depois de provar, é que sua opinião tem valia, antes disso, são palavras ao vento, sem fundamento.
Quem nunca ouviu falar, de uma pessoa que não podia nem ouvir falar, em comer carne de rã. Então aquele amigo sacana apronta uma, chama um conhecido para comer frango a passarinho. Cervejinha, um papo gostoso e só restou o prato dos petiscos. Depois, leva o amigo para a cozinha e mostra a embalagem, ocara ri e diz, vamos comprar mais, isto é muito bom.
Este só um exemplo, há muitos outros, carne de caça, ostras disfarçadas na salada e por ai a fora.
É como você perdoar uma pessoa, por algo que ela fez, ou deixou de fazer, uma atitude que tomou, ou não tomou, enfim, por agir diferente do aceitável. Esta atitude da pessoa, causou em você uma raiva desmedida. Sua melhor resposta, nunca vou perdoar sua atitude.
E o tempo passa, vai longe e você apenas nutre mal sem valia. Porém, que tal experimentar a carne de rã? Perdoar tem o mesmo sabor, inigualável. Vale a pena sentir o prazer desta ação.
Perdoe, você vai perceber que nutrindo a raiva, deixou de provar um dos maiores sabores da vida, desculpar alguém. Quando fizer isto, não só você cresce, mas quem agiu errado contigo também e ainda, as pessoas que o circundam, amigos, parentes, conhecidos, também estranhos vão perceber que devem reparar o erro. Vou voltar a falar com uma pessoa que excluí da minha vida, há muito tempo, apenas por não provar o sabor do perdão.

Paulo Cesar

Não vai sobrar nem o coro e a catinga

A razão de a previdência social existir, é nobre. Esta tem a finalidade de ajudar o cidadão após cumprir seu tempo de serviço, junto à sociedade. Sabemos, a idade leva a “força” de qualquer pessoa. Então, a previdência entra em cena e ajuda a sociedade com estas pessoas, que em sua vida, não puderam se prevenir para sua velhice. Porém, todo cidadão deve ter direito a previdência social?
Em uma analise simples, não. Há pessoas que não deveriam ter direito a aposentadoria, por quê? Se a vida sorriu a estas pessoas, com uma família mais abastada, com uma condição intelectual melhor, que o “homem médio”, e, por conta disto, recebeu altos salários, nada mais justo que esta pessoa, não receba um auxilio. Pois em sua vida laboral, suas chances de fazer um bom “pé de meia”, foram muito superiores ao trabalhador braçal. Este, na maioria das vezes, recebeu um salário inferior, por conta do seu “baixo intelecto, deficiência física e outras impossibilidades”.
Portanto, quais cidadãos poderiam ter direito a esta ajuda da sociedade? Parece simples elencar quem deve ter direito a ela. Pessoas com dificuldade físicas, com a falta de um membro, a amputação deste, as conhecidas como especiais, também quem tem limitações, por conta do seu desenvolvimento intelectual, e outras.
Sendo assim, não parece moral, cidadãos que trabalham em serviços que requer pouco esforço físico e recebem altos salários, ter direito a uma aposentadoria. Não é justo, ético, receber valores muito aquém da realidade deste país.
Tomemos como exemplo um Juiz, seu ¹salário inicial é algo pouco superior a vinte mil reais, fora gratificações. Em um ano, receberá tranquilamente, uns trezentos mil reais. Em uma década, mais de três milhões, caso se aposente com trinta e cinco anos de contribuição, isso passa fácil de dez milhões de reais. Se este cidadão, em todo este tempo de contribuição, não fez “seu pé de meia”, que podemos esperar do pobre mortal, que sobreviveu com menos de mil reais? Nada, vai morrer pedindo esmolas ou será jogado em um asilo.
E quantas profissões, pagam próximas a dez, quinze, vinte mil reais, ou mais no setor público? É difícil saber exatamente, porém, muitas. Há casos de funcionários do judiciário, que recebem ²duzentos mil reais. Isto sem contar filhas dos militares, eita teta boa esta.
Vendo deste modo, a aposentadoria não é apenas um problema político, pois sim, uma consciência coletiva de justiça.
Também a que se levar em conta outro ponto. Cada um deve viver conforme suas forças. Caso estas pessoas que recebem salários desproporcionais, ao mínimo. Para ter direitos a aposentadorias “milionárias”, devem retirar do seu quadro de colaboradores. Quer dizer, façam por merecer “sua” aposentadoria, por “sua” contribuição. Não é justo tirar de outros colaboradores. A massa operário do país, deveria viver com aquilo que produz para sua aposentadoria, os juízes com aquilo que estes contribuem, assim como os políticos, jogares de futebol e outros.
Não sendo usado esta régua, quantos trabalhadores de mil reais, são necessários para pagar a aposentadoria de um único funcionário público, sabendo que alguns, recebem mais de trinta mil reais? Algumas centenas de trabalhadores de mil reais. Não é justo. Quem quer uma aposentadoria polpuda, que faça sua própria previdência, se previna, não saqueie outros, isto é roubo.
“Por isto a conta não fecha”. Quem administra o país, paga seus funcionários, com dinheiro dos outros, não com aquilo que estes produzem.
Logo, o que temos no poder, é uma organização criminosa, destinada a tirar dos pobres e dar aos ricos. São os dooH niboR brasileiros, fazem tudo ao contrario.
Os membros desta organização (apartheid), porcos gordos, artistas, famosos e outros, legislam em causa própria. Extraindo da população, mão de obra barata, para gerar lucros a suas empresas. Isto lembra a escravidão, trabalhar para comer, cabe até a lei dos sexagenários(disfarçada de aposentadoria). Difere apenas que a época, isto era visto como ilegal, contudo, hoje é constitucional.  Porém, o tempo sempre mostra a verdade, o mal implode, os porcos são canibais e esta verdade é bíblica; provérbio 1- 18.
18; eles mesmos armam emboscados contra seu sangue próprio sangue e se enganam a si mesmo.
O que fazer então? Não permitir que os porcos, safados, desleais, egocêntricos, mentirosos, enfim, seres do mal, guardem o rebanho.
Enquanto a massa trabalhadora do país, não fizer algo com suas mãos, para bloquear esta quadrilha, estes irão arrancar tudo da população, “não sobrará nem o couro e catinga”.
Os administradores (porcos gordos) da pocilga mais famosa no mundo, A casa da mãe Joana (regresso nacional), não têm qualquer escrúpulo. Não respeitam o cidadão e seus direitos.
Como aceitar um absurdo deste? Em uma oportunidade, um dos porcos gordos disse; “é necessário o aumento no salário, para se equiparar aos representantes do povo, em países de primeiro mundo”.
Contudo, aqui reside uma diferença enorme, no tocante a produção daqueles políticos. Há relatos de como é a política em outros países. Na Suécia, houve um plebiscito e neste os políticos queriam saber a opinião da população, deveria ser patrocinados os jogos de inverno, ou construir benfeitorias sociais, hospitais, creches e outros? Sem dúvidas, venceram as benfeitorias sociais. Caso fosse neste lugarejo tupiniquim, seria fraudado o plebiscito, o dinheiro público seria torrado em adendos, propinas, desvios e outras maracutaias. Porém não aconteceu; o plebiscito, no mais, tudo correu conforme o programado. Foi feita a farra com o dinheiro público, na copa do mundo e olimpíadas.
O pior nisto tudo, há quem defendem está ideia, devemos investir nestes eventos; “é preciso ter hospitais, creches, postos de saúde, porém copa do mundo e olimpíadas também”.
E o país já admirou esta pessoa. Caso este barrigudo tenha uma pedra no rim, utilizará o SUS? Com certeza não, então, deveria calar a boca, pois com esta fechada, não expeliria a diarreia de sua cabeça. 
A população precisa parar de crer em contos de fada, olhar para o sertão que é nosso país, irrigar, trabalhar muito e daqui alguns anos, quem sabe seus netos, possam trabalhar para ter uma aposentadoria digna. O Brasil precisa mudar para ontem, por que se for para ser feito algo hoje, amanhã será tarde. Ou seja, eu, você, nossos filhos, enfim todos, precisamos trabalhar hoje, para que as mudanças, justas, venham a favorecer nossos netos.
E como alcançar isto, difícil, porém, não impossível. A aposentadoria deveria existir somente para quem não tem condições de trabalhar, pessoas com necessidades especiais. Agora, quem recebe salários desproporcionais, estes não têm porque receber aposentadorias, são privilegiados. Ou, colaborem com sua classe. Porque a lei é igual para todos, respeitadas as diferenças (diz a lei), logo, os menores fazem sua previdência e os maiores as suas. Caso um trabalhador comum, desrespeite uma autoridade, pode ser preso por isto, contudo, a autoridade pode assaltar este e nada acontece.  
Quem não lembra de uma senhora que bradou a plenos pulmões; “preciso cumular aposentadorias, pois necessito comer”. Onde está a justiça, que esta senhora tanto fez quando trabalhou para o governo? Está no regime que precisa fazer, por não se prevenir quando podia.
Não parece justo, que porcos gordos tenham aposentadorias especiais, porém, se quiserem estas, façam com seu dinheiro. Não roubem a massa que movimenta este país. Não há lógica neste absurdo. Contudo, porque estes absurdos acontecem?
A melhor resposta para esta pergunta, os gerentes da pocilga fazem as leis, logo, nada vai ser mudado. Ao menos por eles, por que dividir a galinha dos ovos de ouro?
Então, quer algo bem feito, faça você mesmo. Comece com um plebiscito em redes sociais, divulgando esta ideia.
Todos devem contribuir de maneira igual, com o mesmo tempo de serviço e receber o mesmo teto, não mais que cinco salários mínimos. Aposentadorias especiais, a quem precise, por conta de suas limitações.


¹https://www.guiadacarreira.com.br/salarios/quanto-ganha-um-juiz/

²https:// - istoe.com.br/o-pais dos-privilegios/

Paulo Cesar



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Orando

Orando a Deus, percebi algo, sou egoísta. Sempre peço ajuda, que Deus auxilie neste sonho, que proteja aquele amigo, que eu tenha mais saúde e outras coisas. Porém, deveria era ser mais humilde e agradecer tudo que tenho.
Percebi que devo agradecer mais a Deus, pelo dia que vivi, ao prazer de poder usar seu mundo e partilhar desta maravilha que o Pai nos dá, para usarmos sem exigir nada em troca. Então, não devo apenas pedir a Ele, que me proporcione outro dia melhor que este. Porém, devo agradecer por ter o privilégio de, por Sua vontade, viver neste paraíso.
Então, analisando meu modo de “falar” com o Pai, devo ser humilde e reparar erros. Como vejo a vida, devo agradecer sim, mas ao dia de ontem, vivi este, por gratidão Dele.
Preciso dizer também ao Pai, que o dia de hoje, foi maravilhoso, porque Ele, mais uma vez me concedeu o privilégio de ter vivido este dia.
Contudo, preciso agradecer a tudo o que Deus me oferece, água, o ar que respiro, a comida, uma família maravilhosa que Ele me proporcionou, amigos insubstituíveis, exemplos de como ser uma pessoa melhor, o prazer de ter um corpo saudável e este me levar aos belos jardins de Seu mundo. Entregue a todos de graça, não apenas para que desfrute do prazer de suas paisagens, mas de tocar, cheirar, escuta lá, no canto de um pássaro. Isto tudo, são apenas meia dúzia de coisas, que compõem este cenário maravilho que é o mundo, dada a cada um de nós, para vivermos sem pagar nada.
Então, devo agradecer ao Pai, pelo dia de ontem, estar satisfeito por hoje ter vivido mais um dia feliz em minha vida. E esperar que amanhã, por ter sido um bom filho, ontem e hoje, mereça viver amanhã, para agradecer o prazer de viver como nosso Pai deseja.
Por isto, creio em Deus pai todo poderoso, criador do céu e da terra e em Jesus Cristo seu único filho nosso senhor e que seja feita sua vontade, assim na terra como no céu.
Nunca deixando de esquecer;
“que Deus me dê discernimento para entender sua doutrina e sabedoria para levar esta a quem necessite”.  

Amém

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Seo Raimundo e seo Zé das plantas

Esperança é uma cidade maravilhosa. Daquelas que só existem em conto de fadas, Walt Disney, essas artes fantasiosas. Neste lugar, as coisas acontecem exatamente como devem ser. Há uma lombada? Os carros passam devagar. Tem um semáforo? Os motoristas, antes que o sinal fique vermelho param e sempre antes da faixa. Nos ônibus de transporte público, pessoas mais velhas, mulheres grávidas ou qualquer um, que precise sentar, sempre há alguém disposto a ceder o lugar.
Existem outras particularidades, que só acontecem naquela cidade, as ruas são sempre limpas, bem asfaltadas, largas, os carros rodam nos limites da via.
Suas casas têm água encanada, energia solar, o esgoto é tratado. Há postos de saúde em todos os bairros, nunca faltam médicos, enfermeiras, medicamentos então, basta receitar.
Quem vai a passeio, trabalho ou apenas de passagem, muitas vezes não volta. Ficam por ali mesmo. É muito fácil se encantar com esta cidade, até as praças tem seu diferencial. Não são praças comuns, foram imaginadas por pessoas preocupadas com a população, com a saúde desta. Vislumbre você em uma praça e se depara com plantações de verduras, legumes, até chás compõem a parte verde das praças. E a população contribui, ela mesma cuida das pragas, consome e repõem o que está acabando.
Por ser decorada a base de frutas, legumes e verduras, a cidade tem outra curiosidade, só dela. As ruas, bairros, avenidas, praças, tudo tem nome que lembra saúde, rua dos brócolis, avenidas dos pepinos, alameda das mangas e por ai afora. Os bairros não ficaram de fora, tem o dos cogumelos, vila melancia, setor das samambaias e muitas outras. É comum o pessoal brincar, onde você mora, em uma salada de frutas e de legumes, na rua do tomate com a rúcula, bairro da goiabeira, perto do mercado da mandioca.
E nesta cidade perfeita, seus moradores são também, exemplos de cidadania. Você poderia dar voltas e voltas em qualquer bairro, ou no centro e não vai perceber qualquer espaço vazio. E isto foi incentivado de uma maneira inteligente,
“se você plantar vida em um espaço vazio, não cultivará ratos, insetos e a sociedade agradece”
Sem muitos rodeios, Esperança é o próprio paraíso na terra.
Em qualquer praça da cidade, outra coisa comum são os pássaros. Haviam de muitas espécies, desde o pardal mais comum, até trinca ferros, azulão, pica pau, os lindos canários, estes alegram qualquer lugar, com seus cantos e cores.
Em uma dessas praças, a das mangueiras gigantes, que era acompanhada sua decoração por pepinos, tomates, belas flores, o delicioso cheiro do manjericão e outras delicias de sabores. Em um dos bancos, se encontraram os responsáveis por esta maravilha toda, seo Raimundo, o idealizador deste projeto, tido como coisa de maluco, por algumas pessoas e seo Zé das plantas. Este último, o cara que sabia tudo sobre como cultivar uma árvore, legumes, saladas, flores, até a mandioca, dizem as más línguas, ele sabia plantar.
Muitas pessoas, quando estavam a passeio, faziam questão de conhecer os “pais das crianças”. Ambos eram pessoas simples, de sorriso fácil, tinham uma conversa gostosa. Pareciam estar sempre prontos a “reflorestar”, a qualidade de vida em outras cidades.  
Havia com eles nesta praça, pessoas apenas saboreando a beleza desta, outros caminhado com a família, curiosos que apenas curtiam aquela linda tarde de verão. Um desses, tinha motivos particulares para estar com eles. Era Everaldo, político de uma cidade vizinha, que queria aprender os mistérios daquele sucesso. Não era conhecido das pessoas que ali se encontravam, seria mais um a reunião.
As perguntas das pessoas eram muitas; - como conseguiram implantar esta ideia de forma tão eficiente, quem pensou nisto, como surgiu, é fácil manter está estrutura, vocês gastam muita água, quem paga a conta, estás algumas das perguntas. Mas todas eram respondidas da melhor forma possível.
E cada um pôs-se a responder, o assunto que dominava mais, por vez seo Raimundo sobre administração, já sobre as plantas, seo Zé das plantas.
A pergunta mais comum era; como surgiu a ideia, a resposta era por conta de seo Raimundo. Parecia ter o assunto pronto, sempre na ponta da língua e começou a explicar; - um dia em uma reunião de comunidade, parou deu uma risada e disse; - daquelas como de síndico ou de colégios, que ninguém vai, surgiu à preocupação, de como usar o terrenos baldios, de maneira útil ao bairro. Parou, pareceu recordar o momento da reunião e disse; - pois naquele espaço só havia ratos, insetos, cobras e pior, muitos desocupados frequentavam aquele matagal. Então eu dei minha opinião; - vamos transformar aquilo, em uma grande horta, uma plantação de frutas, legumes e outras coisas. E assim a conversa durava praticamente a tarde toda.
Mostravam as vantagens de transformar todo espaço ocioso, em uma horta, ou um pomar em favor da sociedade. Enumeravam muitas, o local primeiramente, ficou mais bonito, saíram os ratos, insetos e outras pragas. Entraram as flores, frutos e os cheiros então, nem se compara.
- Uma que se sobressai, disse seo Raimundo; - a segurança, não há o que discutir. E detalhou o assunto; - antes da transformação, as pessoas evitavam aquele lugar. Hoje é o principal ponto de lazer do bairro. E concluiu justificando, - só isto, já é motivo de orgulho, o que era uma dor de cabeça para a prefeitura, virou um ponto de concentração da população.
O próprio dono da área, rendeu aplausos a iniciativa. E difundiu esta, entre proprietários de terrenos desocupados, por um simples motivo, não era alvo de multas e valorizava o local. Em outras palavras, o que era um pepino indigesto, tornou-se um saboroso doce de abóboras.
 Não demorou muito e a cidade toda se transformou em um imenso pomar, uma horta desproporcional. Todo espaço vazio, era uma fonte de energia, vitaminas e outros nutrientes, todos necessários a saúde da comunidade.
Imagine um canteiro central, colorido com alfaces, brócolis, tomates, chás, manjericões e outras delícias. Gostou? Então jogue sobre esta paisagem, lindos abacateiros, pés de limões carregados, laranjeiras se dobrando com seus saborosos frutos, têm também as belas, frondosas e frutíferas mangas. Era um cartão postal a cada esquina. Isso deixava os antigos gramados, apenas áreas verdes.
E terminou; - com uma ideia simples, transformamos esta pequena cidade, em uma referência para outras. Falou também sobre as facilidades de fazer isto acontecer, que a principal bandeira é, todos, de mãos dadas, ajudando a coletividade de uma maneira simples. Cada um ajudava a sua maneira, plantando, cultivando, regando, ou até combatendo as pragas. Outro poderia comprar uma enxada, ceder o espaço. E isto contagiou a todos, em pouco tempo virou febre. Em qualquer lugar onde pudesse ser plantado vida, por menor que fosse, alguém o preenchia.
Feito as devidas explicações, passou a palavra, sem deixar de prestar homenagens a seu parceiro; - a que se enaltecer o pai desta beleza toda, e apontou para Zé das plantas e continuou; - sem suas mãos, não teríamos este sucesso todo.
Aproveitando a oportunidade, Everaldo perguntou; - seo Zé das plantas; - o senhor, quanto cobra para fazer este trabalho, ensina outras pessoas a fazer esta arte? E seo Zé das plantas, com toda calma do mundo, própria de quem admira a vida por seu ciclo, como uma plantinha semeada no campo e que por um milagre da natureza, nutre outras vidas, responde; - filho, o conhecimento é algo que se você guardar, perde. E disse mais; - então repasse tudo que souber e para quantas pessoas for capaz. Apontou para a praça e disse; - veja aqui, nós temos mais que mangas, tomates, frutas, olhe o outro lado da rua, há os alfaces brócolis e demais plantas. Com seu semblante orgulhoso continuou; - aqui temos qualidade de vida, é só olhar a quantidade de cores, sabores e odores e observou; - recebi de graça, é um dom de Deus, não devo cobrar nada. Recebeu algumas palmas e falou com maestria, sobre suas plantinhas queridas. Falava das propriedades de cada uma, os benefícios ao corpo, a saúde. A necessidade de regar, a importância de plantar na lua certa. Por que não deixar “os bichos” tomar conta. Eram tantas as vantagens e curiosidades, que a tarde passou num piscar de olhos.
Por fim, Everaldo depois de escutar tudo, se identificou e perguntou; - quais outras vantagens, poderiam ser percebidas por intermédio desta atividade comunitária?
Nisto Manoel, funcionário público que se encontrava entre as pessoas disse; - olha, eu trabalho na prefeitura, na vigilância sanitária e posso responder com conhecimento. Lembrou alguns números e disse; - antes desta maravilhosa ideia, as pessoas ficavam facilmente doentes por conta da dengue, leptospirose, as lombrigas incomodavam as mães, então, agora sem elas, o dinheiro gasto na prevenção, pode ser remanejado e por exemplo, ser gasto, como foi, na aquisição de aparelhos comunitários para ginástica.
Houve um breve silêncio e seo Raimundo disse; - pois bem Everaldo, se você fizer isto em sua cidade, logo outras vão aderir. Nesta corrente, transformamos um país, imagine isto que Manoel acabou de falar, sobre as vantagens para a economia do município, quanto à saúde da população ganharia? O retorno é visível, não apenas nos cofres públicos, também nas academias que geram pessoas mais saudáveis e educam crianças a se alimentarem melhor. Copiando as atitudes dos pais e assim ter uma vida mais saudável.
 E foi assim que em pouco tempo, um país que estava “mal das pernas”, reabilitou toda uma população, gozando estes, de uma vida muito melhor.
- Os números desta melhora, comentava Everaldo em rede nacional; - é o diferencial da atual fase econômica que vive o país. E continuou; - a pouco mais de dez anos, nossas praças, avenidas, terrenos baldios, alamedas, canteiros centrais, continham grama. E emocionado lembrou as sabias palavras de seo Zé das plantas, ele devia parte de seu sucesso, aquele senhor simples e sábio que uma vez disse:
“todo conhecimento que você guarda, na verdade perde, pois alguém deixou de desfrutar deste”.
Com a voz trêmula e engasgada, deu sequência a seu discurso; - hoje aqueles locais contém vida, saúde, alegria, cores, cheiros e odores; neste momento ninguém percebeu a lágrima solitária, ao lembrar-se de seo Raimundo e Zé das plantas, que os deixou há pouco tempo.
E continuou enaltecendo os ganhos do país. Falou sobre a violência que diminuiu drasticamente, por um motivo simples. As pessoas começaram a se ajudar mais, não apenas a plantar, colher, adubar uma vida na forma de planta. Porém a proximidade de um vizinho com o outro, deixava as pessoas mais amigas, parceiras e isto no efeito dominó, fazia bem a todos.
A interação das famílias, tornava o problema de um, algo a ser resolvido por todos, assim, algo que nascia pequeno, não tomava dimensões maiores, ou como diria seo Zé das plantas; - é de novo que se torce o pepino. Por isto, problemas socias de dimensões absurdas, começaram a facilmente ser solucionados.
Um jovem que não queria estudar e gostava de ficar as ruas, era incentivado a praticar esportes, ter uma profissão, fazer trabalhos comunitários. E assim, perceber a necessidade de conviver em sociedade. Este apenas um exemplo, haviam muitos outros. Afinal de contas, mudou uma nação.
E isto virou uma febre no país. Tomou tamanha proporção, que fez de Everaldo, um vereador de uma pequena cidade, presidente da república.
  E outra lagrima desceu, está algumas pessoas perceberam, entretanto, poucas sabiam o motivo.
Chorou por seo Raimundo e seo Zé das plantas.
Pessoas que ele gostaria que estivessem junto dele, para comemoração do seu feito.
Pois foi eleito, presidente da nação.


Paulo Cesar

sábado, 9 de fevereiro de 2019

A vaca entendeu tudo

Dia desses no chat, Valter começou a conversar com uma loirinha. Comunicativa, a conversa foi interessante para ambos. O papo fluía gostoso, curioso. Ela uma simpatia. “Dava pra” ver que era sangue bom, porém, parecia descendente de italianos.
Contava cada uma que aprontava, Valter ria muito. Estilo, pegou o carro do “pegueti” dela, sem que ele soubesse, bebeu apenas três, saideiras, as outras não lembra quantas. Deu uns roles, então resolveu voltar para casa. Os reflexos não estavam acompanhando o acelerador e PÁ, bateu em uma árvore. Passou um tempo, desceu, olhou o carro, sentou no meio fio, não sabia o que fazer. Então resolveu ir tomar mais umas. Isso demorou quarenta e oito horas, neste meio tempo, ficou pensado, como justificar que a árvore atravessou sua frente. Sem muitas ideias, foi para casa.
Estava chegando a casa, deu vontade de voltar. Havia uma comitiva de recepção, seu pai, sua mãe, o namorado e o sogro. Isto fez lembrar a música, “longe de casa, há mais de uma semana (nem, só dois dias), milhas e milhas distante, do meu amor, será que ele esta me esperando...” nessa hora lembrou, banda blitz Evandro Mesquita, “a dois passos do paraíso”. Riu, que porra de paraíso o quê, eu to é no mato sem cachorro. Parou o carro, desceu e disse; - fiz m...
Então, se atropelando, todos de uma vez só perguntaram; - onde você esteve este tempo todo? Como fez isto no carro? Você se machucou? Estava certa? Por que não ligou? Quem vai pagar? Então, finalmente a loirinha consegue um espaço entre as perguntas e diz, - entrei forte na curva, o carro derrapou e bati em uma árvore.  A mãe natureza ouvindo isso pensou, “coisa rara isto, alguém assumir a culpa, sempre minhas filhas é que atravessam na frente dos bêbados”.
Irado o namorado entrou no carro, seu pai em outro e saíram, sem deixar de mencionar, - não quero nem saber como, vai ter que pagar. Ela olhou para seus pais e disse; - não se preocupem, eu dou um jeito. E foi dormir, eram quase oito da noite, sempre dormia com as galinhas.
 No outro dia, às seis da manhã o café foi uma delícia. A cara dos três a mesa, era uma mistura de felicidade, afinal a filha estava em casa. Porém, mesclada com outra, de indignação, mais uma vez ela aprontou. A coisa de um mês, havia caído de moto e ralado os joelhos. Ainda puxava da perna. Os pais não sabiam mais o que fazer.
Sempre foi arteira, as meninas de sua idade brincavam de bonecas, ela jogava bola. Um tempo depois, suas amiguinhas, pulavam amarelinhas, ela andava de skate. Aos dezesseis anos, enquanto as amigas desfrutavam do prazer de beijar as escondidas, ela já havia pego todos os gatinhos da quadra. Contou que trabalhou em um banco e no horário de almoço ela e outra estagiaria, saiam no mesmo intervalo para almoçar. Comiam bolachas para manter as curvas. E notaram que sempre “sumiam” algumas. Então, “rechearam” as bolachas com lacto purga. Diz que foi na “cagada”, quando descobriram quem eram as sócias.
Quando entrou para a faculdade, os pais pensavam desesperados, tomara que dê certo. Inteligente, comunicativa, curiosa, isto deveria ajudar no curso. Imaginavam que isto a acalmaria. Quase acertaram, no primeiro ano ela chamou a atenção, será uma ótima aluna pensavam pais, amigos e professores. E foi por três anos assim, depois passou para o segundo ano. A maior parte do tempo estava no bar, acalmando os copos de cerveja.
Um dia, vendo seus colegas do primeiro ano se formando, decidiu estudar. E até o quarto ano fez estragos, passava já no terceiro bimestre. Agora só havia mais um degrau e, pronto, estaria formada.
O ano não terminou bem, por causa do carro batido. O vindouro foi um estrago já no primeiro mês. Arrumou uma pessoa para dividir despesas, o cara era gay. Até ai tudo bem. Cada um cuida da sua vida.
Estava saindo com um gatinho e resolveu ir ao supermercado. Quando volta, não acreditou no que viu. O gay estava com o “pirulito dela”, na boca. Caraça mano, perdeu as estribeiras, só não chamou o cara de fdp, no mais, disse até que os dois deveriam ser filhos mães, que não sabiam quem era o pai deles. Foi feio, até os vizinhos interviram. Ajudaram o gay a pegar a roupa na rua, que ela jogou do terceiro andar. O gatinho, este pagou e vai pagar uns tempos ainda por sua atitude. A preferência sexual é de cada um, mas mulher perder para um homem, não vai sair barato. As redes socias ficaram cheias desta historinha e com fotos, do novo casalzinho.
Bom, fazer o que né, vida nova e bola pra frente, então resolveu caminhar. Estava passeando num lago e pensando na vida. Viu o ex, havia arrumado o carro. Foi cumprimentar, eram umas sete da noite. Às oito da manhã ele a deixou no trabalho. A noitada foi maravilhosa segundo ela, conversaram um pouco, com roupas, quando tiraram, passaram a noite inteira, “papeando”.
Porém, Valter não sabia da recaída. E foi fazer uma surpresa. Ela havia mandado uma foto de onde morava. Pelo ângulo não deveria ser difícil encontra sua casa. Uma kit net na verdade. “Dava” para um mato, naquela região seria fácil de achar, até por que havia um gramado e uma vaca na foto. Com um pouco de sorte, encontraria rapidinho.
Procurando e analisando os prédios, chegou a uma conclusão, deve ser aqui. Porém, seu faro de Sherlock Holmes não precisou ser utilizado. Ouviu uma voz chamando-o; - ei loiro, que faz aqui. Valter explicou que estava passeando de bick e resolveu procurar a loirinha para papear.
Ela ficou feliz e contou que havia dito uma recaída, disse que passou a noite com o ex, e que apesar de tudo que aconteceu, estava feliz. Valter escutou tudo e disse que precisava ir embora. Despediu-se e saiu.
Na estrada rumo a sua casa, existe um pequeno córrego, com belas árvores, alguma grama, muitos passarinhos até uma pequena faixa de terra, onde há uma pequena criação de gado. Três vacas para ser mais exato.
Então Valter decidiu sentar e descansar um pouco. E ficou refletindo: poxa, que m... fui falar com a gatinha, estava a fim de namorar com ela, tinha certeza que havia encontrado meu número. Ainda bem que não deu certo, ela deve ser bipolar, neurótica, avoada, faz coisas estranhas, quem daria bolacha com lacto purga a uma pessoa, bater o carro e sumir por quarenta e oito horas. Isso é coisa de maluca, isso foi apenas o que ela contou, imagine o que as outras pessoas não tem a dizer dela, deve ser uma doida das ideias, que não bate bem da cabeça.
- Verdade, disse a vaca e continuou; - acho que você se livrou foi de uma bomba, essa menina não é certa, faz coisas sem noção.
Valter não havia percebido, que a vaca estava a algum tempo papeando com ele.
Deu um abraço na vaca, precisava disso, estava sem chão com a loirinha. Vez um sinal com a cabeça, a vaca piscou para ele e foi embora, como tem gente doida nesse mundo.

Paulo Cesar  

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Fevereiro de 2029


Eu não acredito que isto, ainda aconteça hoje. Parece até brincadeira, coisa de louco, mas, isto ainda acontece hoje. Andando por ai, à toa, sem rumo, vemos coisas que não são mais admissíveis, em qualquer lugar do mundo, porém, aqui no Brasil, isso ainda acontece hoje. Como aceitar que não aprendemos, mesmo depois de errar tantas vezes, é difícil aceitar que isto, ainda aconteça hoje.
Há décadas, as pessoas elegem e reelegem políticos, que não fazem nada, a não ser roubar, desviar, legislar em causa própria e com intere$$e$ escusos e óbvios, enriquecer mediante fraudes. Não há lógica, que isto aconteça hoje.
Porém um dia houve progressos, as pessoas começaram a acreditar, que a coisa iria mudar. Houve muitas prisões, até um ex-presidente foi preso. Além de empresários, políticos, artistas tiveram seus nomes revelados, que estariam envolvidos, ministros do STF sofreram impedimento. Isso foi há mais de dez anos.
Será que um dia isto vai acabar? Deveria. Seria interessante se houvesse a máquina do tempo e as pessoas pudessem olhar o futuro e perceber como está o país hoje, a mesma coisa. Não aprendemos nada, como aceitar que isto ainda aconteça hoje.
Contudo, o cidadão aprendeu, demorou um pouco, porém, isto hoje não acontece mais.
Interpretando, Millôr Fernandez.

Fevereiro de 2039

Paulo Cesar

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

DEUS acima de todos os iguais

Promessas de campanha, não deveriam existir. Estas são como monstros, que abusam de crianças, ou de pessoas incapazes (velho, doentes...) e outras, que não podem se defender sozinhos. Por que, quando percebemos que as promessas não serão compridas. Morre aqui, a confiança no ser humano. E os eleitores do Brasil, parecem estar começando a sofrer as consequências, de eleger o presidente que está frente do país.
Algumas atitudes não estão de acordo com aquilo que foi prometido. Porém e agora, o que fazer? Chorar e esperar mais quatro anos, para eleger uma pessoa capaz, de cumprir suas promessas. Parece que mais uma vez roubaram o doce da criança, ou, outra vez enganaram o velhinho, com o conto do bilhete premiado.
Como diria Abraão Linconl, “quer conhecer o caráter de um homem, dê poder a este”. Há outro espanhol na mesma linha, “quer saber quem é Miguelito, dê a ele um carguito”.
Seria mais digno de um homem dizer; “não consigo cumprir as promessas de campanha, a pressão é muito forte, terei que dançar conforme a música”. Feito isto, a população unida, poderia fazer pressão e ajudar, deste modo, a outra parte retrocederia. Contudo, isto pode ser encarado como “falta de pulso”, pedir ajuda ao povo. E deixar a imagem daquele que detém o poder, enfraquecida. E o poder fraco, fica a mercê da oposição, que se aproveita da situação e afunda quem esta na direção do país.
Algumas promessas de campanha, já não tem a mesma força e serão readaptadas. Os ministérios, inicialmente seriam no máximo quinze, agora vinte e dois. A reforma previdenciária, seria feita sem privilégios, porém , os militares não se enquadram neste aspecto. ¹Eles tem direitos especiais. ²A bancada ruralista poderá ter perdão em suas dívidas.
Que outras surpresas ainda poderão acontecer? Bom, a população espera que mais nenhuma. Há que se ressaltar os ganhos, são muitos. Os aviões nos hangares, a verba para carnaval, muitos cargos de confiança que deixaram de existir e outras coisas. Contudo, o que pesa nos casos relacionados é, por que a população não é igual a todos.
A lei deve ser igual para todos, ou todos devem ser iguais perante a lei? Aqui reside uma grande diferença. “A lei é igual para todos”, entretanto, o erro está na interpretação do TODOS.
Todos são iguais, dentro de suas categorias. A categoria dos políticos tem suas diferenças, ante a população. Por exemplo, recebem salários maiores, auxílios inacabáveis, tem foro privilegiado e outra infinidade de direitos mais “gostosos”. Os juízes são iguais a todos perante a lei, contudo, diferem em alguns pontos da população. Estes têm um salário maior, que nutre sua família, do mesmo modo que do trabalhador comum. Basta ler o artigo sétimo, inciso Vll da Constituição Federal. Há poucas coisas a mais, como o auxílio faculdade para seus filhos, próximo a sete mil reais, MENSAIS. Mas isto se caracteriza apenas como um “agrado”, assim como o trabalhador comum, este tem direito ao PIS, novecentos e cinquenta e oito reais, ANUAIS.
Há no país, uma infinidade de categorias, que desfrutam da igualdade perante a lei, desde que, respeitado a diferença de alguns privilegiados.
O país precisa de governantes, que saibam o que significa todos são iguais perante a lei. Não dá para aceitar esta diferença, um ganha trinta mil, o outro nem mil e a constituição esta certa, que p... de carta magna é esta? Bom, depende do ponto de vista. De quem a interpreta ou daquilo que esta escrito nesta.
 Por que fazer promessas, que não é capaz de cumprir? Isto soa a um conceito de canalhice. Prometeu algo, não cumpriu e esta obtendo vantagens. Deveria honrar sua família, ter hombridade, pedir licença para ir ao banheiro e desaparecer.
Apocalipse três, versículo quinze e dezesseis, Deus vomitará os mortos, ou, por que você não é quente nem frio, Deus o vomitará. Isso pode ser interpretado de muitas maneiras, uma delas; se você percebe algo e não faz nada, Deus o vomitará. Quer seja, sua ação, poderia fazer a diferença, mas sua omissão, deu origem à outra situação. E esta outra situação, fez mal a alguém.
Então, caso você prometa algo, cumpra. Não agindo desta forma, estará traindo a confiança de quem o ajudou, a chegar onde está.
Estará sendo morno, prometeu algo e não cumpriu.
Foi lhe dado poder e quando recebeu este, se revelou incapaz de atuar com ele.
Quer conhecer o caráter de um homem, dê poder a este.
Isto não são apenas inscrições bíblicas, são ditados populares e a voz do povo é a voz de Deus.
A vida começa aos quarenta, cinquenta, trinta, vinte? Não importa, o que interessa é, embora você não possa fazer um novo começo, pode, a qualquer tempo, recomeçar e fazer um novo fim.
Qual este, ser justo e sermos todos iguais perante a lei, dos homens, por que de Deus, somos e há milênios e sem qualquer distinção de sexo, raça, ou grupo social e outras vantagens.
E, se Deus é acima de todos, abaixo Deste, todos são iguais.


Paulo Cesar
    
¹https://www.youtube.com/watch?v=UHn7Spl3IC0

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

O jacaré covarde


O jacaré covarde

Eram dois amigos inseparáveis lutando pela vida e o pão... Não como os da música, sucesso de Milionário e José rico. Aqueles eram caminhoneiros, estes eram pescadores, Pedro e Bino. Porém, daqueles pescadores sérios, que na pescaria gostam de passar o tempo, relaxar, apenas curtir o momento.
Sem muito que fazer aquela tarde, resolveram molhar a minhoca. Escolheram um igarapé perto da cidade onde moravam, Manaus, “eita” trem bom essa região. Aqui peixe tem como “carapanã” (pernilongo). Existem de muitos tipos, tamanhos, com mais ou menos espinhos e sempre em boa quantidade. O local onde decidiram “fincar” acampamento, uns quarenta quilômetros da cidade. A distância era certeza de bons peixes.
Pedro e Bino (Setembrino), não frequentavam aquela região, apenas por serem dois apreciadores da arte da pescaria. Porém, pela exuberância de suas paisagens. O rio era próprio para pescaria, calmo, muitas árvores, ótimos poços de pesca e para quem conhece as “luas boas”, levaria muitos peixes. Dizem até, que tempos atrás havia pirarucu dos grandes. Mas isto eles nunca viram. Já matrinxã, jaraqui, trairão e outros havia aos montes.
Como dito antes, não frequentavam aquele lugar, apenas por sua variedade de peixes, mas também, por sua beleza. Poderia sem medo, ser elencada entre as dez mais bonitas da região. Ao lado do barraco de pesca, havia uma nascente, coisa mais linda do mundo. A água parecia nascer entre as pedras, olhando de cima, eram bolhas saindo sob o cascalho, faziam um mini lago e dali rolavam até o rio. Havia cada pedrinha linda e o sabor daquela água, inigualável. Compunha ainda a paisagem, belíssimas árvores e uma incontável variedade de flores e frutos, estes alimentavam lindas aves. As maritacas em suas revoadas fantásticas, as araras podiam ser ouvidas de longe, coisa mais linda de se ver. Contudo, a beleza estava em uma mini praia, não mais que poucos metros quadrados. Na verdade eram duas, pois a água da mina passava no meio. E assim dividia a parte de Pedro e a de Bino. O tamanho delas era proporcional, entretanto, era separada por eles da seguinte forma, a que pega mais peixes e a que não pega nada. Isto na verdade, era apenas motivo para tirar sarro um do outro, quando um estava com mais sorte.
Passado algum tempo e nada do anzol puxar, Pedro perguntou a Bino; - você viu na televisão, a reportagem sobre a menina que ficou presa numa cela com uns vinte homens, e foi estuprada muitos vezes? Bino com cara de espantado disse; - não vi nada disso. E perguntou; - como acontece isto e as autoridades não tomam uma atitude enérgica, quando chegar ao juiz, muitas pessoas terão que dar boas explicações. Nessa hora Pedro caiu na gargalhada e disse; - você não lembra, foi à juíza que determinou isto, que a adolescente ficasse presa com os homens.
Então Pedro fez uma breve exposição dos fatos, para que Bino se lembrasse do ocorrido; - aconteceu há mais de dez anos, foi no Pará e a juíza mandou prender a adolescente, como não tinha onde deixar, foi para uma cela masculina e para ter uma refeição, a menina precisava trocar seu corpo por comida. E continuou, - parece que está no processo, ela foi presa por furtar um celular e um cordão da casa de um policial e arrematou; - quando acontecem essas coisas, um protege o outro, parece que tem mais delegados e policiais envolvidos. E Bino perguntou; -como não foi percebido uma menina na cela? Pedro disse; - fácil né Bino, todos foram coniventes (investigadores, carcereiros, delegados, a juíza, pessoal da limpeza, cozinha e outros). Fecharam os olhos e aqui você percebe quantas pessoas estão envolvidas.
 Nisso Bino ficou pensativo por um instante e disse; - como entender uma coisa dessas, nós somos pessoas simples, “do mato”, de pouco estudo, sabemos que isto é uma monstruosidade, então como pessoas mais estudadas, que passaram boa parte do seu tempo, aprendendo as historias da humanidade, para aplicar a justiça, têm uma atitude destas?
E o silêncio perdurou por um bom tempo, ambos ficaram buscando a melhor resposta, a reflexão de Bino.
Pedro achou interessante o raciocínio de Bino. É verdade, um primo seu, estudou desde cedo em bons colégios, era pouco visto na casa de seus avós, onde naturalmente a família se reunia, em época de festas. A resposta dos pais para sua ausência; - está estudando, amanhã tem prova, - ou agora não dá, fará vestibular, nem pensar em ficar a toa. Quando foi para a faculdade, ai ficou pior vê-lo. Foram duas ou três vezes, no velório de um tio e no casamento da irmã mais nova, a outra não recordava. Mais que isto, apenas os pais poderiam falar, mas era quase a mesma coisa, - amanhã tem prova.
Logo após o termino da faculdade, a coisa não mudou muito, só que agora estudava para concursos. Enfim, dois anos depois se tornou promotor.
Em uma das raríssimas oportunidades que conversaram, já tinha uns dois anos, seu primo falava sobre justiça. Seu conceito veio de como o primo disse ser esta, para cada pessoa. Ele falou; - o que vemos por justiça, depende do quanto estudamos, para dividir o que é justo para cada um. Pessoas com mais estudo, ou que vivam em lugares mais habitados, é normal que saibam mais de justiça, que aquelas de lugares remotos. E continuou; - eu, se cometo um crime, a pena deve ser mais pesada, passei mais tempo estudando as consequências de ações antissocial. E justificou; - pessoas ribeirinhas aqui da região, devem ter suas penas menores, muitas vezes não tem ideia que sua atitude é crime.
Pedro não entendeu e seu primo exemplificou uma situação fácil; - imagine uma pessoa aqui da região, vai para a capital, em uma praça qualquer, percebe que alguém esqueceu o not book no banco, ele pega e leva para casa. Ou, um estudante que faz faculdade, na mesma, situação leva o aparelho para casa. Ambos cometeram um crime, se apropriaram de uma coisa que não era deles. Porém, as câmeras de segurança identificaram estas pessoas. O estudante apagou tudo que tinha e vendeu o not book. Já o ribeirinho guardou, não sabe a utilidade daquilo. E finalizou, - ambos se apoderaram de algo que não é deles, porém, o estudante com mais acesso a cultura, deveria ter buscado saber de quem era o aparelho, se não, guardado, contudo, nunca vendido.
E foi assim que Pedro entendeu o comentário de Bino. A juíza, os demais envolvidos, deveriam ser apenados com gravidade. Afinal, todos sabem o quanto a menina sofreu sendo abusada sexualmente.
Quebrando o silêncio, Bino perguntou; - e como terminou este caso?
Pedro riu de novo e disse; - não terminou, há dez anos a coisa se arrasta em tribunais, parece que a família esta vivendo corrida pelo Brasil, num sistema de proteção as testemunhas. A cada tempo, mora em um estado diferente.
“Tá” e a juíza, delegados, policiais, como estão? Indagou Bino; - melhor que antes, disse Pedro.
- Como assim? Quis saber Bino.
E Pedro disse; - é que antes eles trabalhavam e recebiam salários, agora não trabalham e recebem sem fazer nada, até o fim do processo, ou se aposentar.
 Bino riu e disse; - então a justiça não é apenas cega, ela é desonesta, burra e também injusta.
Nisso um belo jaraqui puxa com força, Pedro pega e deixa de lado. Desatento, não percebeu o jacaré por perto. Por seu tamanho e força, se aproveitou da situação e comeu o peixe. Os pescadores não tinham o que fazer.
Nesta hora, Pedro se lembrou dos servidores públicos (jacaré), que se aproveitam de seus títulos (juiz, delegado e outros), para assustar (aproveitar) a população (pescadores). Estes só podem fazer calar, frente aos abusos das autoridades, escondidas sob a carapaça (prerrogativa de função), de leis arcaicas.

Paulo Cesar

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

João 12


João 12

Esta história aconteceu lá pras bandas do mato Grosso. Havia uma “capataz” de fazenda, conhecido como João 12. Não há nada de bíblico aqui. O 12 vem da espingarda, calibre 12. Para quem conhece esta arma, sabe, faz um estrago e não precisa acertar o alvo. Passando perto “tá bom”.
João 12 morava em uma fazenda e sempre dizia; “eita pantanal veio sem porteira”, era como se referia a sua terra amada.
Para quem conhece aquela beleza toda, é o paraíso particular de Deus. Há fartura em tudo. Os animais são incontáveis, não apenas em um bando de maritacas, mas sim em seus coletivos, de peixes, insetos, jacarés e outros.
Há muitos bichos, de todos os tipos e tamanhos, seja na terra, no ar, ou na água. O que chama a atenção, além da variedade dos animais, sua quantidade, beleza, esta, por exemplo, na nobreza, do voo do Tuiuiú. As águas são um show a parte, em época das chuvas, traz mais vida ao berçário pantaneiro. Faz piscina em todo lugar. Transformam as estradas em rios, os rios, em um imenso lago.
É um lugar lindo, onde o tempo parou, não há por que evoluir. E assim é João 12. Homem forte, rude, de poucas palavras. Aprendeu desde cedo a lidar com bichos. A noite, não precisa de muita coisa para atravessar o mato. Um facão e uma lanterna, “da conta do recado”. Seus sentidos sabem onde pisar, onde não pisar, quando pode sair, onde a sucuri espera, qual a noite boa para pegar qualquer tipo de peixe, enfim, é seu lar.
Criado na lida de gado, desde cedo, sabe tudo que precisa para salvar um bezerro no parto. Aprendeu novo, a fugir do nelore bravo. – esse bicho não tem conversa, quando ele vem, corra sem vergonha, dizia e ria.
João 12 era braço direito do Seo Calheiros, fazendeiro forte, cheio da grana, tinha terra que não acabava mais. Como era sua ganância, sem tinha limites. A população local sabia, quando Calheiros manda, João 12 faz. E assim “comprou muitas terras, na bala”.
Calheiros se meteu na política e João 12 ficou capataz da fazenda. Sendo assim, João 12 resolvia muitas coisas na hora e depois o patrão “dava um jeito” de limpar a sujeira. Sua fama não era boa, entretanto, era uma pessoa simples, de hábitos fáceis. Gostava do feijão tropeiro, caldo de piranha, não era dado a bebidas, nem a mulher de vida fácil. Tinha sua família sempre bem guardada, não queria que os filhos tivessem a mesma vida que ele. Com ajuda do patrão, foram estudar desde cedo na cidade grande, frequentavam bons colégios. “O patrão”, não cobrava os estudos dos filhos, assim como João 12, não pedia porque deveria fazer o serviço.
Contam os moradores da região, que Marcia, filha mais velha de João 12, logo que foi estudar fora, teve um problema com um colega de sala mais assanhado. Então, ligou para seu pai, contou a historia e João 12 falou que daria um jeito. Ligou para o patrão; - Seo Calheiros, teve um “mal acabado” que fez minha “fia” passar raiva, “to” saindo e volto logo, vou mostrar que ela tem pai. Calheiros nem deu tempo de João 12 pensar e disse; - fique tranquilo, me diga quem foi e vá dormir, amanhã cedo este “desinfeliz” vai ter o que merece. Nem havia terminado o segundo semestre da faculdade, o rapaz pediu para ser transferido. Acordou às três da manhã, com quatro caras em volta da sua cama. Estes o convenceram a não se formar dentista. Se continuasse com esta ideia, não teria também as mãos para trabalhar. Também, porque ficou sem os dentes e dentista sem dente na boca, não passa confiança. Depois disto, Márcia e seu irmão ficaram mais respeitados na faculdade. Tanto que namorado na faculdade, Márcia precisou pegar como nelore na fazenda, no laço, tinham medo “dela”.
O final da história agradou João 12, que disse; - esse é homem certo. Se soubesse a verdade sobre Seo Calheiros, João 12 mudaria seu conceito de homem integro. Entretanto, quem seria capaz de contar a verdade, para João, 12. Então ficou assim, Seo Calheiros falava, João 12 não duvidava e ninguém questionava.
A fazenda era sua casa e João 12 percebeu fácil, quando uma doença estranha na fazenda, começou a matar uns bois.
João 12 disse; - olha patrão, nunca vi nada igual, acho que o “sinhô”, deve manda um “doto” aqui. E Calheiros sabia, se João 12 “falo”, então é coisa nova. Enviou um veterinário, na verdade, por ser pão duro, mandou um estagiário; - não se preocupe, o rapaz dará conta do recado, disse o reitor. Calheiros sabia que o rapaz deveria ser capaz, afinal, o reitor não mandaria qualquer um. A troca de favores em licitações, entre os dois, rendia bons lucros. Entretanto, para que o rapaz chegasse à fazenda, seria necessário ir buscar em uma cidade próxima.  Tudo combinado, o rapaz partiu da capital e João 12 da fazenda.
No aeroporto, depois das apresentações, saíram rumo à fazenda. João 12 disse, - vou sentar a bota, se chover ficamos na estrada. E fincou o pé. Nos primeiros cinquenta quilômetros, Gustavo, o estagiário, só não “fez” nas calças, por que não estava pronto. João 12 com pressa, numa cabine dupla, “seis canecos”, completa, fazia o chão tremer. Cento e sessenta era constante. Ao avistar a placa de policia rodoviária, “aliviou”, passou a cem por hora. Gustavo não entendeu, os policiais na pista nem deram bola, como assim?
Depois de uns cem quilômetros, pegaram uma estrada de chão e o carro na mesma, cento e sessenta. Porém, João 12 olhou para o céu e disse; - tomara que de tempo de chegar ao hotel, por que a água vem com vontade. Gustavo não entendeu muita coisa, criado em cidade grande, apartamento, como poderia ter qualquer possibilidade de chuva, com um sol daqueles? A resposta veio muito rápido, a cento e setenta. Sentiu um ar fresco e logo começou a cair água.
Curioso Gustavo perguntou; - como o senhor sabia que iria chover, o céu estava limpo? No que João 12 falou; - estamos nos meses de chuva, ela vem sem avisar, o vento estava fresco, deste que entramos na estrada de chão e as aves estão procurando abrigo. E concluiu; - o doto não “arreparô”? Gustavo então disse; - não, achei que nem fosse chover com este sol. João soltou uma gargalhada e disse; - “garoto” de apartamento mesmo. Gustavo não entendeu.
A chuva apertou mais um pouco e João 12 disse; - que bom, deu tempo de chegarmos ao hotel. Nisto, fez uma curva e o hotel apareceu, era grande, bonito, parecia todo em madeira. Entraram, e foram à recepção, então João 12 falou; - quero meu quarto. O recepcionista disse sim; - um segundo que esta sendo trocada a cama. Vou subir e falar que o senhor já esta aqui.
Nisto Gustavo percebeu que o recepcionista, passou um corretivo sobre um nome e escreveu João 12, no quarto dezoito. Não entendeu muita coisa. Nisto vem descendo um casal, com as malas na mão, roupas desarrumadas no corpo, escovas de dente no bolso da calça, uma cena lamentável. Deveriam estar sendo retirados por falta de pagamentos. E a mulher gritava; - fizemos reservas há dois meses, isto não está certo. E o recepcionista tentava argumentar; - foi um erro e continuou; - lhe darei outro quarto, melhor e cobraremos por este.
Passado cinco minutos João pediu; - por que tanta demora e de pronto o recepcionista disse; - a cama precisou ser comprada nova, o senhor desculpe o incomodo. João 12 não disse nada, falou apenas para que agissem mais rápido. E de fato, mais alguns minutinhos e chamaram-nos para os quartos. João 12 foi para o dezoito e Gustavo para o vinte e quatro.
Às sete da noite foi servido o jantar e João 12 disse; - amanhã temos muita estrada pela frente, vamos acordar cedo, as cinco bato no seu quarto. Deu boa noite e foi deitar.
Gustavo não costumava deitar cedo e ficou um pouco mais vendo teve. O casal (que saiu, gentilmente do quarto) estava também na sala e logo começaram a conversar. A mulher estava feliz com o novo quarto. Porém, achou estranho precisarem trocar as pressas. E como João 12 estava com Gustavo, quis saber, quando este havia feito à reserva. Gustavo falou que não sabia, mal conhecia João 12. Trocaram mais algumas palavras e resolveu ir dormir.
Na cama, pensativo, Gustavo começou a lembrar de uns detalhes e achou estranho. A policia não fez nada, as pessoas foram retiradas do quarto, o reitor veio pedir pessoalmente, que ele fizesse esta visita, veio de avião, um peão de fazenda andando com um carrão daqueles, novo, beberão, de luxo, todo sujo. Parece que tinha algo errado, porém sem certeza de nada e com sono, dormiu.
Às cinco da manhã escutou uma voz conhecida; - Gustavo, acorda que já vamos sair. A cento e oitenta por hora, tomou banho, escovou os dentes, penteou o cabelo, fez xixi e saiu do quarto, parecia prudente não fazer João 12 esperar. Quando desceu, João 12 já tomava café, sorriu ao ver Gustavo com cara de pressa e meio desarrumado, então disse; - rapaz não precisa sair perdendo as pernas, tome café sem pressa. Gustavo não era de muita comida logo cedo, tomou uma xícara de café e partiram.
Pouco antes do meio dia chegaram à fazenda. Sem muito esforço, Gustavo identificou o que estava matando os animais, era uma bactéria vinda de outro país. Deve ter entrado pelos portos, não havia como identificar sua origem, porém era de fácil trato.
Gustavo ficou na fazenda poucos dias, o medicamento usado fez efeito logo. Os bois se recuperaram rápido, ele já poderia ir embora.
No dia de ir João 12 falou; - não vou levar você de volta, o patrão disse que você é pessoa direita, pode ir de carro e deixar a caminhoneta no aeroporto. Disse também; pegue a estrada, pode chover, pare no mesmo hotel e peça o quarto dezoito. E finalizou; - deixe as chaves com Marcelo da lanchonete, ele saberá o que fazer. Apertou a mão de Gustavo, virou e foi trabalhar.
Sem muito que fazer, Gustavo pegou a estrada, de fato começou a chover, parou no hotel, o recepcionista quando viu Gustavo chegando disse; o quarto 18 logo estará pronto, precisamos trocar a cama. E o mesmo casal desceu reclamando. Gustavo pensou, de novo?
Jantou, foi deitar e cedinho pegou a estrada. Um pouco antes da polícia, diminuiu a velocidade e o policial vendo isto, fez sinal para que ele parasse. Na hora pensou, lembraram daquele dia que João 12 passou correndo, agora “tô” ferrado.
O policial veio, olhou e pediu quem era, depois das observações Gustavo disse; - esses dias passamos a cem por hora, com João 12 dirigindo, achei que hoje fossem me prender. O policial riu e disse; - prender, nunca, estranhei na verdade foi à caminhoneta estar devagar, por isto pedi que parasse.
Gustavo pegou a estrada de novo, em poucos minutos estava no aeroporto, foi à lanchonete e pediu por Marcelo. Disse quem era e que deveria entregar as chaves. Marcelo pegou e guardou. E puxando conversa, pediu a Gustavo quem era e o que fazia na cidade. 
Quando Gustavo contou a história, Marcelo riu, estava cheio das cachaças e começou a falar; - pelo visto você não sabe nada de João 12, ou do seu patrão, Seo Calheiros. E pôs Gustavo a par de tudo, falou das terras griladas, das pessoas que desapareciam da noite para o dia. Dos empregados que não recebiam pagamentos, do trabalho escravo. Lembrou também das festas na fazenda, onde políticos da região, “diziam”, participar de muitas orgias. Muitos presenciaram cenas do velho oeste, “tiroteios” para matar animais. Falou porque de sempre o quarto dezoito, que é onde João 12 ficou com sua mulher a primeira vez. Disse que isto sempre acontece, se ele chegar ao hotel, a qualquer hora, o quarto dezoito é dele. E o hospede é retirado, pelo dono do hotel ou por João 12. Nisto Gustavo pediu; - por que João 12?
Marcelo disse; - por que ele matava as pessoas, com um tiro de 12 na cabeça. E arrematou, - mas isto é o que dizem por ai.
Chegando a capital, Gustavo vê um noticiário que diz, “foi encontrado morto, com um tiro de 12 na cabeça, seu nome era Marcelo, dono de uma lanchonete em um aeroporto no Mato Grosso”. Olhou, reconheceu Marcelo na foto e pensou.
Deve ser mentira o que Marcelo falou, nem vou repassar aquelas histórias absurdas.

Paulo Cesar