Sabe aqueles bate papos de
internet, pois é, acontecem coisas que olha, até vaca acredita.
Num chat, Valter começou a
conversar com uma loirinha. Comunicativa, a conversa foi interessante para
ambos. O papo fluía gostoso, curioso. Ela uma simpatia. “Dava pra” ver que era sangue
bom, porém, parecia descendente de italianos. Falava alto e “pelos cotovelos”. Contava
cada uma que aprontava e eles riam muito.
Tipo assim, saiu com o carro do
“pegueti” dela, sem que ele soubesse, bebeu apenas três saideiras, as outras
não lembra quantas. Deu uns roles, então resolveu voltar para casa. Os reflexos
não estavam acompanhando o acelerador e PÁ, bateu em uma árvore. Passou um
tempo, desceu, olhou o carro, sentou no meio fio, não sabia o que fazer. Então
resolveu ir tomar mais umas. Isso demorou quarenta e oito horas, neste meio
tempo, ficou pensado, como justificar que a árvore atravessou sua frente. Sem
muitas ideias, foi para casa.
Estava chegando e deu vontade de
voltar. Havia uma comitiva de recepção, seu pai, sua mãe, o namorado e o sogro.
Riu e pensou; “que porra eu deveria esperar”. Parou o carro, desceu e disse; -
fiz m...
Os quatro faziam perguntas, todos
juntos; - onde você esteve este tempo todo? Como fez isto no carro? Você se
machucou? Estava certa? Por que não ligou? Quem vai pagar? E finalmente a
loirinha consegue um espaço entre as perguntas e diz, - entrei forte na curva,
o carro derrapou e bati em uma árvore. A
mãe natureza ouvindo isso pensou, “coisa rara isto, alguém assumir a culpa,
sempre minhas filhas é que atravessam na frente dos bêbados”.
Irado o namorado entrou no carro,
seu pai em outro e saíram, sem deixar de mencionar, - não quero nem saber como,
vai ter que pagar. Ela olhou para seus pais e disse; - não se preocupem, eu dou
um jeito. E foi dormir, eram quase oito da noite, sempre dormia com as
galinhas.
No outro dia, às seis da manhã o
café foi uma delícia. A cara dos três a mesa não. Era uma mistura de
felicidade, afinal a filha estava em casa. Porém, mesclada com outra de
indignação, mais uma vez ela aprontou. A coisa de um mês havia caído de moto e
ralado os joelhos. Ainda puxava da perna. Os pais não sabiam mais o que fazer.
Sempre foi arteira, as meninas de
sua idade brincavam de bonecas, ela jogava bola. Um tempo depois, suas
amiguinhas, pulavam amarelinhas, ela andava de skate. Aos dezesseis anos, enquanto
as amigas desfrutavam do prazer de beijar as escondidas, ela já havia pego
todos os gatinhos da quadra. Contou que trabalhou em um banco e no horário de
almoço ela e outra amiga saiam no mesmo intervalo para almoçar. Comiam bolachas
para manter as curvas. E notaram que sempre “sumiam” algumas. Então,
“rechearam” as bolachas com lacto purga. Diz que foi na “cagada”, quando descobriram
quem eram as sócias.
Quando entrou para a faculdade,
os pais pensavam desesperados, tomara que dê certo. Inteligente, comunicativa,
curiosa, isto deveria ajudar no curso. Imaginavam que isto a acalmaria. Quase
acertaram, no primeiro ano ela chamou a atenção, será uma ótima aluna pensavam
pais, amigos e professores. E foi por três anos assim, depois passou para o
segundo ano. A maior parte do tempo estava no bar, acalmando os copos de
cerveja.
Um dia, vendo seus colegas do
primeiro ano se formando, decidiu estudar. E até o quarto ano fez estragos,
passava já no terceiro bimestre. Agora só havia mais um degrau e, pronto,
estaria formada.
Porém o ano não terminou bem, por
causa do carro batido. O vindouro, foi um estrago já no primeiro mês. Arrumou
uma pessoa para dividir despesas, o cara era gay. Até ai tudo bem. Cada um
cuida da sua vida.
Estava saindo com um gatinho e
resolveu ir ao supermercado. Quando voltou, não acreditou no que viu. O gay
estava com o “pirulito dela na boca”. Caraça mano, perdeu as estribeiras, só
não chamou o cara de fdp, no mais, disse até que os dois deveriam ser filhos de
mães, que não sabiam quem eram os pais deles. Foi feio, até os vizinhos
interviram. Ajudaram o gay a pegar a roupa na rua, que ela jogou do terceiro
andar. O gatinho, este pagou e vai pagar uns tempos ainda por sua atitude. A
preferência sexual é de cada um, mas mulher perder para um homem, não vai sair
barato. As redes socias ficaram cheias desta historinha e com fotos do novo
casalzinho.
Bom, fazer o que né, vida nova e
bola pra frente. Resolveu caminhar. Estava passeando e pensando na vida. Viu o ex,
havia arrumado o carro. Foi cumprimentar, eram umas sete da noite. Às oito da
manhã ele a deixou no trabalho.
Porém, Valter não sabia da recaída.
E foi fazer uma surpresa. Ela havia mandado uma foto de onde morava. Pelo
ângulo, não deveria ser difícil encontra sua casa. Uma kit net na verdade.
“Dava” para um mato, naquela região seria fácil de achar, até por que havia um
gramado e uma vaca na foto. Com um pouco de sorte, encontraria rapidinho.
Procurando e analisando os
prédios, chegou a uma conclusão, deve ser aqui. Porém, seu faro de Sherlock
Holmes não precisou ser utilizado. Ouviu uma voz chamando-o; - ei loiro, que
faz aqui? Valter explicou que estava passeando de bike e resolveu procurar a
loirinha para papear.
Ela ficou feliz e contou que
havia tido uma recaída, disse que passou a noite com o ex, e que apesar de tudo
que aconteceu, estava feliz. Valter escutou tudo e disse que precisava ir embora.
Despediu-se e saiu.
Na estrada rumo a sua casa,
existe um pequeno córrego, com belas árvores, alguma grama, muitos passarinhos
até uma pequena faixa de terra, onde há uma pequena criação de gado. Três vacas
para ser mais exato.
Então Valter decidiu sentar e
descansar um pouco. E ficou refletindo: poxa, fui falar com a gatinha, estava a
fim de namorar com ela, tinha certeza que havia encontrado meu número. Ainda
bem que não deu certo, ela deve ser bipolar, neurótica, avoada, faz coisas
estranhas. Dar bolacha com lacto purga é coisa de doido. Pegar um carro sem
permissão e sumir por quarenta e oito horas. Isso é coisa de maluca e foi
apenas o que ela contou, imagine o que as outras pessoas não têm a dizer dela.
- Verdade, disse uma das vacas e
continuou; - acho que você se livrou foi de uma bomba, essa menina não é certa,
faz coisas sem noção.
Valter não havia percebido, que a
vaca estava a algum tempo papeando com ele.
Deu um abraço na vaca, precisava
disso, estava sem chão com a loirinha. Fez um sinal com a cabeça e a vaca
piscou para ele. Foi embora pensando, como tem gente doida nesse mundo.
O escritor do lago

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