Dois zeros a esquerda
Tem coisas que se contar, só Deus para
testemunhar. Porém, aconteceu. Eram dois amigos e “namoravam” sempre na mesma
época. Começava o carnaval, eles se encontravam. Passado um mês e pouco,
terminavam. Foi assim por três carnavais. Em um desses, aconteceu uma que olha,
é a prova que o zero à esquerda não tem valor. Mas quando são os dois, zeros a
esquerda, acabam amigos.
O fato aconteceu em um sábado a tarde. O zero
a esquerda masculino, ligou para sua namorada, zero a esquerda feminino e disse
que não queria sair aquele dia. Ela compreensiva, fez voz de desanimada e
concordou; “tudo bem, também não estou a fim”. Depois de aceitas as mentiras, pronto,
não havia mais nada a ser dito, afinal, confiavam no parceiro.
Passado o tempo de aceitação da ideia, ficar
de molho no “sabadão”. Cada um repensou no tédio de ver teve e quase que ao
mesmo tempo, resolveram desfazer o mal.
“alô, tudo bem? Ei, que tal deixarmos esse
sábado mais gostoso, que acha de irmos a um danceteria, às dez então”. E isto
fazia deles grandes amigos, se aceitavam como eram, dois zeros a esquerda.
No sábado a noite na danceteria, enquanto ela
descia uma rampa, feliz, ele subia esta, também feliz. Ao se encontrarem no
meio da rampa, sorriram como dois safados. Sem que as pessoas percebessem, seus
olhares diziam, “você não vale nada mas eu gosto de você”.
Isto deveria ser uma da manhã, não paravam de
olhar um para o outro. Olhares desejosos, ardentes, acompanhados por piscadas,
beijos ao vento, coisas de dois safados, que não respeitam as pessoas ao lado.
Por fim, lá por umas três da manhã, não
resistiram, foram ao banheiro e se beijaram. Este foi longo, interminável,
gostoso, ardente. Sorriram e decidiram ir embora. Deixaram quem os acompanhavam
sozinhos e foram namorar.
Afinal, eram dois sem vergonhas, uns zeros a
esquerda. Nunca passou disto, namorados de carnaval, porém, por se respeitarem,
até hoje são grandes amigos.
Paulo Cesar
Nenhum comentário:
Postar um comentário