quinta-feira, 30 de junho de 2016

Só sei que foi assim

″... eu não sei como é que foi, só sei que foi assim..″ Palavras de Chicó, um jargão muito usado na obra de Ariana Suassuna, Auto da Compadecida. Essa pode ser uma historinha contada a seus netos num futuro próximo e comece como todos os contos: Era uma vez; NESTE país...
Sim, foi assim mesmo e não foi conto pra bebê ou boi dormir. Existiu, vivemos isso. Foi amplamente noticiado à ascendência deste país rumo ao seleto grupo das grandes economias. O mundo implodindo com a bolha americana e esta economia pagando dívida com o FMI, e pasmem, emprestando grana a este. Havia uma tia numa escada falando de um IDH, que a cada ano estávamos mais próximos de países desenvolvidos. O Brasil, absorvendo mão de obra de países que passaram por tragédias. Ladrão tava enjoado, não roubava carro velho, não os víamos nas ruas. As fábricas anunciando vagas de emprego em carro de som. Uma maravilha só! Porém, como todo bom despertador, infelizmente, tocou. Como sempre, acordamos no melhor do sono.
Ao acordar deste lindo sonho temos outra realidade. O país está na lista negra, antes emprestávamos dinheiro a quem quisesse, hoje, ninguém aceita nossos cheques pré-datados. Os carros novos outrora abundantes, hoje se empilham nas fábricas, criando mosquito da dengue em depósitos judiciais. O IDH nos idos gloriosos, escada acima, agora no efeito bumerangue escada a baixo. No Rio, traficantes fugiam, literalmente, pelo ladrão. Passada a crise de crescimento econômico, voltaram às ruas a roubar carros usados. Pessoas são vitimas de bala perdida a ″faixa de Gaza″. Crianças morrem por falta de medicamentos, equipamentos, e as verbas transbordam em paraísos ficais. Os cofres cheios, com os cinco meses de trabalho deste povo. Abastados, mas não temos as benesses que fazemos jus. Saúde, educação, estradas, enfim, qualidade de vida que pagamos e não temos.
Por fim a criança pede: Mas como tudo isso aconteceu?
A melhor resposta:
... não sei, só sei que foi assim...

Paulo Cesar




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