Só sei
que foi assim
″...
eu não sei como é que foi, só sei que foi assim..″ Palavras de Chicó, um jargão
muito usado na obra de Ariana Suassuna, Auto da Compadecida. Essa pode ser uma
historinha contada a seus netos num futuro próximo e comece como todos os
contos: Era uma vez; NESTE país...
Sim,
foi assim mesmo e não foi conto pra bebê ou boi dormir. Existiu, vivemos isso.
Foi amplamente noticiado à ascendência deste país rumo ao seleto grupo das
grandes economias. O mundo implodindo com a bolha americana e esta economia
pagando dívida com o FMI, e pasmem, emprestando grana a este. Havia uma tia
numa escada falando de um IDH, que a cada ano estávamos mais próximos de países
desenvolvidos. O Brasil, absorvendo mão de obra de países que passaram por
tragédias. Ladrão tava enjoado, não roubava carro velho, não os víamos nas
ruas. As fábricas anunciando vagas de emprego em carro de som. Uma maravilha
só! Porém, como todo bom despertador, infelizmente, tocou. Como sempre,
acordamos no melhor do sono.
Ao
acordar deste lindo sonho temos outra realidade. O país está na lista negra,
antes emprestávamos dinheiro a quem quisesse, hoje, ninguém aceita nossos
cheques pré-datados. Os carros novos outrora abundantes, hoje se empilham nas
fábricas, criando mosquito da dengue em depósitos judiciais. O IDH nos idos
gloriosos, escada acima, agora no efeito bumerangue escada a baixo. No Rio,
traficantes fugiam, literalmente, pelo ladrão. Passada a crise de crescimento
econômico, voltaram às ruas a roubar carros usados. Pessoas são vitimas de bala
perdida a ″faixa de Gaza″. Crianças morrem por falta de medicamentos,
equipamentos, e as verbas transbordam em paraísos ficais. Os cofres cheios, com
os cinco meses de trabalho deste povo. Abastados, mas não temos as benesses que
fazemos jus. Saúde, educação, estradas, enfim, qualidade de vida que pagamos e
não temos.
Por
fim a criança pede: Mas como tudo isso aconteceu?
...
não sei, só sei que foi assim...
Paulo
Cesar
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