João era um jovem comum, em uma
pequena cidade no Paraná. Vinte e poucos anos, bem apessoado como se diz na
região. A família era de classe média. Tinha um “Opalão” para dar suas voltas,
correr atrás das gatinhas. E o fim de semana prometia.
Haveria um baile que reuniria
todas as lindas da cidade. Porém, João namorava Clarice. Qualquer cidadão em sã
consciência, não iria ao baile. Clarice era uma típica representante da mais
alta beleza. Loira, alta, super simpática, por onde passava torcia o pescoço
dos homens. Participava de concursos de beleza. Quando as candidatas eram
informadas que ela iria concorrer, já sabiam, iria ser disputado o segundo
lugar. O primeiro seria dela.
Mas João estava de olho em uma
menina e não queria perder a oportunidade. Márcia deu sinais que estava
interessada em João. E agora, como enrolar Clarice?
Sem muitas delongas ligou e disse
que estava com pouca grana, que seu carro teve um problema e ele não poderia
sair. Meio que a contragosto, Clarice sem muitas opções aceitou, e disse que ficaria
em casa. Poderiam sair no próximo final de semana.
João riu a toa. No mesmo instante
ligou para Márcia e combinou com ela de irem juntos ao baile.
Mandou lavar o Opalão, comprou
camisa nova, tomou banho, lavou o umbigo e as oito estava na casa de Márcia.
Foram a um restaurante. Depois deram voltas nos “points” da cidade e na hora
certa partiram para a festa. João estava feliz com a gatinha nova. Sua fama não
era de namorador sério. Muitas de suas ex reclamavam do chapéu de touro. Mas
ele nem ai com isto.
Pois bem, chegou a hora, entraram
no baile. As pessoas o cumprimentavam e ele todos esnobe, sorria fácil. Afinal,
estava de “namorada nova”.
João arrumou um cantinho para ter
mais privacidade e começou a ser mais atirado com Márcia. Ela nem ai com nada,
estava adorando tudo.
Em determinado momento João
chamou sua “atual namorada” e foram comprar uma cerveja. Na rampa para o bar,
vê Clarice descendo. Abraçada com um cara que João nunca tinha visto. O baile
estava lotado, as pessoas andavam espremidas. O encontro foi inevitável. Clarice
o beliscou e falou em seu ouvido: - seu safado, sem vergonha, disse que ficaria
em casa.
E só aconteceu isto. João
habituado a estas situações, nem deu bola.
O “atual” namorado de Clarice não
viu, ou ouviu qualquer coisa, como Márcia também passou despercebida.
João, sozinho a caminho do
banheiro pensou, que sacanagem dela, disse que ficaria em casa. No caminho
encontrou Clarice, ela estava sozinha. Olhava para João e ria. João também não
se segurou. Riu, deu um beijo gostoso em sua verdadeira namorada e disse que
levaria Márcia para casa. Voltaria em quinze minutos. Clarice outra do mesmo
quilate de João, sorriu e disse que dispensaria seu “ex”.
Cumpriram com suas palavras,
afinal eram pessoas serias e comprometidas. Meia hora depois, estavam João e
Clarice, namorando no confortável e velho Opalão de guerra.
O escritor do lago